sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pausa para um chá

Certo dia, acho que por acaso (ou talvez realmente houvesse alguma intenção de acontecer), deparei-me na rua com um senhor, já aparentava bastante idade, à sua companhia, um cachorrinho.
Eu, sentado numa mesa que se avançava sobre a calçada, observava o senhor lentamente se aproximando. Levantei a xícara, bebi o chá, tornei-a a mesa e voltei a olhar para o senhor.
Seu rosto, embora cansado, o que era de se esperar depois de muitos anos vividos, não aparentava tristeza, suas mãos, embora trêmulas, ainda tinham forças para segurar a coleira de seu cachorrinho. Seu andar, apesar de lento, tinha um destino certo. Seus olhos eram profundos, negros, mas ainda viam a vida com esperança.
Vendo o senhor passar, pus minha xícara sobre a mesa e levantei-me. Entreolhamos-nos por alguns segundos, largou a coleira, logo seu cão veio me rodear. Vi uma lágrima caindo de seus olhos e escorrer em seu já marcado rosto.
Ainda que fosse inverno, senti calor naquele momento. Ainda que estivesse calmo, senti meu coração acelerar. Mesmo que aquela cena já tivesse ocorrido várias vezes, a cada nova, era como se fosse a primeira.
Com um leve sorriso no rosto, pronunciou poucas palavras:
 -Como você está, filho?
 -Vou bem, pai. Aceita um chá?

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