segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amores à Pendular

Qual ano eu não lembro bem, talvez fosse 1998 ou 1999, mas o que ocorreu está impresso em minha memória, e posso resgatá-la a qualquer momento, e ainda sorrir com as lembranças.
Era apenas um garoto, encantado com a curiosidade que o mundo despertava, no alto de meus seis ou sete anos. Árvores me chamavam a atenção, o mundo em geral me despertava um estranho interesse. Menos as pessoas. Não me lembro de ter olhado antes para os olhos de alguém e ter sorrido, ou de abraçado e dito apenas três palavras. Talvez pra mim aquilo fosse impossível, ou nunca tivesse existido. Não era autismo, apenas uma forma de amar o mundo a minha maneira.
Sentava-me num balanço, tinha medo de balançar, mas superava meus medos e levantava num curto vôo, que tinha destino certo em voltar. Assim superei todos os medos da minha vida, sabendo que uma hora, eu iria voltar, e estar no mesmo lugar de antes.
Senta-se no brinquedo ao lado, uma menina, mesma idade que eu tinha, creio. Olho-a rapidamente, e torno a subir... E descer... Olho-a novamente, desta vez ela desvia o olhar e solta uma pequena gargalhada. Subo e desço. Ela ri.

-Oi?
-Oi...
-Alexandre...
-Eu não vou dizer meu nome.
-Por quê?
-Nós não nos conhecemos, oras.
-Como não? Não acabei de dizer meu nome?
-Disse, mas...
-Mas...?
-Não sei...
-Como você se chama? Diz...
-Não, to envergonhada...

Ela ria, claramente estava envergonhada, suas bochechas estavam vermelhas, e os olhos encolhidos. Eu ria junto. Subia, e descia.

-Então?
-Então o que?
-Não vai me dizer nada?
-O que eu tenho pra dizer?
-Que tal seu nome?
-Não...

E tornava a rir, achava a cena engraçada, de uma maneira curiosa, que só uma criança poderia fazer. 

-Por que está me olhando assim e rindo? Eu estou estranho?
-Não sei... Só estou com vontade de rir.
-Você é estranha... Gostei de você.

Uma moça acenava a chamando. Havia chegado a hora de ela ir embora.

-Minha mãe está me chamando.
-Nem o seu nome?
-Um dia, talvez... Ainda nos veremos por ai...

Era seu mundo aquele. E eu, vivia no meu. Ela havia ido, sem ao menos me dizer o seu nome.

Subi... Desci...

Sugestão de música para ler:

The Devlins - Waiting

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